À entrada do prédio onde moro resolveram fazer um canteiro de flores no meio do relvado. Muito boa ideia. Sempre quebra a monotonia do verde e dá algum colorido numa terra predominantemente acastanhada. Quando regressei de férias reparei que, além de umas lindas flores vermelhas no centro, bordejaram o grande circulo do canteiro com repolhos pequeninos. Tudo bem, pensei, "são repolhos mas não irão crescer muito e com a rotação de mudança de flores e plantas num lugar onde dinheiro não é problema, vão ser substituídos rápidamente por outra planta qualquer". Mas não. Já lá vão quase dois meses e os repolhos lá continuam e crescem, crescem, crescem... De manhã quando saio para o trabalho mesmo que não veja nada por ir meia a dormir logo os repolhos me surgem à frente dos olhos como a dizer: "Bom dia! Até logo!!" e ao olhar para eles só me vem à ideia sopas de feijão com couves pouco propícias a pequeno-almoço nestas paragens ou a qualquer outro ser que não trabalhe a terra de enxada na mão. Quando regresso ao final do dia, lá estão eles ainda maiores, ainda a pedirem panela e feijões, toucinho e chouriços. Hoje lembrei-me: ainda bem que não se lembraram de plantar umas couves daquelas, que a minha mãe tinha no quintal da casa onde nasci e que cresciam desmesuradamente enquanto ela arrancava as folhas para dar às galinhas ou pôr na sopa.
Qualquer dia não se admirem se ao sair de casa de manhã, os ditos repolhos tiverem desaparecido - talvez alguém (mesmo sem toucinho ou chouriço) se tenha lembrado de os trasladar para uma grande panela de sopa de feijão.