Era o que a minha mãe me dava antes de qualquer acontecimento que me deixava mais impaciente e me tirava o sono. Há alturas que bem precisava que ela abrisse de novo o frasco e me enfiasse umas colheradas dessa água boca abaixo. Era remédio santo.

12
Fev 13

À entrada do prédio onde moro resolveram fazer um canteiro de flores no meio do relvado. Muito boa ideia. Sempre quebra a monotonia do verde e dá algum colorido numa terra predominantemente acastanhada. Quando regressei de férias reparei que, além de umas lindas flores vermelhas no centro, bordejaram o grande circulo do canteiro com repolhos pequeninos. Tudo bem, pensei, "são repolhos mas não irão crescer muito e com a rotação de mudança de flores e plantas num lugar onde dinheiro não é problema, vão ser substituídos rápidamente por outra planta qualquer". Mas não. Já lá vão quase dois meses e os repolhos lá continuam e crescem, crescem, crescem... De manhã quando saio para o trabalho mesmo que não veja nada por ir meia a dormir logo os repolhos me surgem à frente dos olhos como a dizer: "Bom dia! Até logo!!" e ao olhar para eles só me vem à ideia sopas de feijão com couves pouco propícias a pequeno-almoço nestas paragens ou a qualquer outro ser que não trabalhe a terra de enxada na mão. Quando regresso ao final do dia, lá estão eles ainda maiores, ainda a pedirem panela e feijões, toucinho e chouriços. Hoje lembrei-me: ainda bem que não se lembraram de plantar umas couves daquelas, que a minha mãe tinha no quintal da casa onde nasci e que cresciam desmesuradamente enquanto ela arrancava as folhas para dar às galinhas ou pôr na sopa.

Qualquer dia não se admirem se ao sair de casa de manhã, os ditos repolhos tiverem desaparecido - talvez alguém (mesmo sem toucinho ou chouriço) se tenha lembrado de os trasladar para uma grande panela de sopa de feijão. 

publicado por obosmois às 17:18
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08
Fev 13

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



... o cheiro do Tejo ao fim do dia.

  

publicado por obosmois às 18:17

05
Fev 13

Principio de noite. Quatro mulheres encontram-se à esquina. Duas vestidas à civil, uma vestida de branco e outra vestida de preto. Compram gelados na gelataria que se encontra aberta a essa hora à entrada da mercearia: um de pistachio, um de manteiga de amendoim e outro com o maravilhoso nome de "romance". Encontram uma mesa na esplanada semi-deserta com vista para os courts de ténis e o campo de futebol, onde figuras mais ou menos obesas, mais ou menos atléticas tentam desesperadamente imitar os seus ídolos e adquirir corpos tipo Cristiano Ronaldo ou David Beckam. A conversa flui em agradáveis gargalhadas. Histórias passadas e recentes, ainda com tempo para ir vendo o que se passa à sua volta. Na mesa ao lado quatro filipinos desembrulham um bolo de chocolate gigantesco. Vão pelas outras duas mesas (ocupadas também por filipinos) a oferecer fatias do bolo quase tão gigantescas como o próprio bolo. Às quatro mulheres não oferecem nada. Não faz mal, mais gargalhadas, mais a constatação do facto que são um povo que consegue comer um banquete inteiro sem o partilhar com ninguém e mesmo assim não engordam 1 grama sequer. As gargalhadas e o linguajar das mulheres enche a noite. Estão congeladas - quem diria, congeladas no meio do deserto!! Levantam-se. Na esquina separam-se. "Até amanhã!! Pode ser que dê uma diarreia àqueles que não nos ofereceram o bolo!!" Mais gargalhadas. As pernas da que vai de branco estão absolutamente congeladas mas o coração vai quente e agradecido. 

publicado por obosmois às 19:05
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02
Fev 13

Talvez seja só impressão minha ou talvez as coisas sejam mesmo assim: à distância determinados acontecimentos parecem ter dimensões extraordinárias. Se estivessemos mais perto deles não teriam qualquer significado. É estranho manter isso em mente todos os dias e relembramo-nos que a catástrofe que estamos a ver por estarmos longe, na verdade não passa apenas de um tsunami numa carica de cerveja.

publicado por obosmois às 18:37
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01
Fev 13

São 6 da manhã. Uma noite completamente em branco. Já se ouviu o lamento triste da primeira oração da manhã. Depois de ler, de me levantar para beber um chá de cidreira e aproveitar e abrir a janela da sala e ficar a sentir o ar fresco da noite e o cheiro a areia molhada que ainda paira no ar, depois de congelada ter voltado para a cama com a última revista Activa e de a ter lido de capa a capa (com anúncios incluídos), depois de ter levado pelo menos meia hora a tentar encontrar este meu blogue que foi abandonado há uns anos atrás... continuo desperta e fresca que nem uma alface.

Será de ter dormido 14 horas seguidas depois de um dia de trabalho de pesadelo? Será da comida da festa filipina que não me caíu bem? 

Seja o que fôr, estou acordada e o sol está a nascer, escondido não se sabe bem se por nuvens de chuva se por nuvens de areia. Mafee muskila - hoje é 6ª feira e não vou trabalhar, é o que vale.

Pode ser que depois de desligar o computador, beber um copo de leite de soja e comer umas tostas, consiga pegar no sono e ainda dormir o suficiente até acordar a tempo de fazer o arroz doce prometido à dias às outras companheiras de jornada para acompanhar o "chá das 5".

Sim, hoje é daqueles dias em que se a minha mãe me tivesse enfiado duas colheres de água de flor de laranjeira pela goela abaixo teria dado jeito.

publicado por obosmois às 03:18
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