Saí do serviço mais morta que viva. Hoje, finalmente, consegui sair às 16h - bem, foi mais às 16h30; para quem tem nos últimos dias estado lá fechada das 8 da manhã a "sabe-se - lá - até - que - horas", foi realmente muuuuuiiiiitoooo bom. Devia ter ido directa ao ginásio e depois para casa cumprir o meu papel de esposa dedicada, mas o cansaço e a neura eram tão grandes que, quando dei por mim, estava a caminho da praia apenas para ficar a olhar para o mar e a apanhar vento em cima.
Parei o carro, caí na tentação de comprar um gelado de limão (que por acaso até era intragável e sabia a Super-Pop. "Bem feita para não seres gulosa!!") e caminhei um pouco ao longo daquele calçadão. O cheiro a maresia, a nortada e o sol tiveram o condão de me animar. Sentei-me no muro sobre a falésia e ali fiquei a olhar as ondas e a ver os surfistas e os banhistas dentro daquela água revolta e sempre gelada.
Lembrei-me que há uns anos atrás costumava fazer isto com alguma frequência e ocorreu-me que o facto de estar mais velha me tem tornado menos espontânea e com um sentido de dever quase doentio. É a única explicação que encontro.
De qualquer forma, qualquer sentimento de culpa de não estar a cumprir todos os deveres rigorosamente planeados na minha cabeça, desapareceu por instantes. Por mim tinha ali ficado até o sol se pôr ou a ventania se tornar insuportável. Infelizmente o Grilo Falante começou a massacrar-me os ouvidos e lá me meti no carro. Mas só lhe fiz metade da vontade - voltei para casa, sim, mas não pela auto-estrada, fui pela estrada nacional, bem mais bonita e que me faz levar 1 hora de caminho.
Posso dizer como o tio Fernando Pessoa; "ai que prazer não cumprir um dever..." (foi ele que disse isto não foi?...) E tenho que fazer isto mais vezes.
(não foi tirada hoje mas podia ter sido )